Os Doze à Volta da Távola Redonda - A Cruz Templária de Portugal
«Temos aqui o campo geométrico dos doze à volta de uma mesa redonda, que tem por desenho a cruz templária de Portugal.
Àqueles que estão significados pelo 1, pelo 4, pelo 7 e pelo 10 – o que vem do Oriente, o que vem do Norte, o que vem do Ocidente e o que vem do Sul –, correspondem quatro triângulos activos (com a ponta para cima) cujos prolongamentos das linhas de altura se cruzam no centro do círculo central; os restantes oito contam-se dois a dois (dois sobre o mesmo cavalo) – a Sudeste, a Sudoeste, a Noroeste e a Nordeste –, têm como casas triângulos passivos (com a ponta para baixo) e para esses o contacto com o centro estabelece-se pela cruz de Santo André ou da Santa Força viril, pelo misterioso X, inicial do nome de Cristo e primeiro símbolo no itinerário do Claustro dos Jerónimos. A soma de 1, 4, 7 e 10 perfaz 22 (o Arcano Maior); a soma de 2-3, 5-6, 8-9 e 11-12 perfaz 56 (o Arcano Menor).
Ao do Oriente cabe o nascer, ao do Sul o ver, ao do Ocidente o morrer e ao do Norte o ensinar. São estas as quatro casas angulares do conhecimento poético:
1 – Não nasceu ainda quem não se conhece a si próprio, enquanto ser único e instantâneo.
4 – Depois do conhecimento de si mesmo que o acorda para a vida do Espírito, deve o indivíduo, o povo ou o Mundo tornar-se criador, por saber ver, nas artes, na ciência, na filosofia, na mística.
7 – Vem depois o momento do sacrifício de si próprio aos interesses superiores dos outros.
10 – Só então, senhor da tríplice chave, está capaz de ensinar a abrir as portas do conhecimento.
Este livro apresenta-se como o órgão literário de um desses círculos. É a expressão de um grupo que pretende cultivar a Vida Poética, tal como no-la faz entender Agostinho da Silva, em si e nos outros.
Todavia, somos onze e não doze, para que fique vaga uma cadeira, para quem quiser, puder e souber vir sentar-se nela.
Conta-se, na história da gesta do rei Artur, que havia uma cadeira por ocupar, mas só um cavaleiro de pura sabedoria teria coragem para o fazer porque representava o lugar do perigo ou da suprema experiência. Nela se sentou Galaaz e, ao fazê-lo, a Terra tremeu nos seus fundamentos.
Agora, o sentido do símbolo é o mesmo mas diferente o aviso. A décima segunda cadeira só será ocupada e a Figura tornada perfeita quando toda a gente puder ter aquilo a que Agostinho da Silva chama de Vida Poética. Galaaz é, como ensinou Bruno n’O Encoberto, toda a humanidade.»
António Telmo in "Congeminações de um Neopitagórico"