Toponímia

29-12-2013 18:32

 

A toponímia define-se como estudo dos nomes de lugares habitados ou não e de sítios, países, ruas e caminhos ou a designação das localidades pelos seus nomes, e o estudo linguístico ou histórico da origem dos nomes das localidades.
A palavra toponímia não consta do dicionário da língua Portuguesa do P. e Rafael Bluteau do séc. XVIII, nem no dicionário de António de Moraes e Silva, no início do séc. XIX. É uma área disciplinar contemporânea, desenvolvida em Portugal sobretudo a partir do início do século XX, com J. Leite Vasconcellos.
A toponímia, para além de na actualidade ser vista sobretudo, como um instrumento fundamental para a identificação de moradas dos habitantes de uma cidade, de uma vila ou de uma aldeia, tem igualmente outras funções, tais como: o registo da história de aldeias, bairros, ruas e praças, a homenagem a individualidades que se distinguiram pelas suas obras. Os moradores eram gente prática, concreta e objectiva. Viviam e sentiam as coisas e os sítios e assim os baptizavam. Depois a tradição fazia o resto.
A designação das ruas, travessas, azinhagas, becos, praças, avenidas, alamedas provém duma qualquer particularidade, profissão, nome ou apelido patronímico, fidalguia, acção relevante para a terra ou a existência de um monumento. Muitas vezes, os acontecimentos das ruas ou lugares ou os monumentos aí existentes davam-lhes a designação.
O etnólogo J. Leite de Vasconcellos no vol. II da Etnografia Portuguesa oferece-nos elementos importantes para compreender a toponímia usada em Portugal. Assim, explica-nos que existem inúmeros nomes resultantes da agricultura, considerada em suas diferentes formas, como a horticultura e a viticultura.
Pode-se, igualmente relacionar a toponímia com as profissões tradicionais (agricultor, abegão, cesteiro, tanoeiro, ferrador, oleiro, campino, ferreiro, carpinteiro, o pescador), com as lendas, as tradições, os saberes e memórias.
A toponímia apresenta-se de elevada importância para o estudo e conhecimento da história local. Os nomes das ruas testemunham a história das cidades, das vilas e aldeias. Pois ficaram registadas nas crónicas, romances, roteiros, tradições e lendas.
Estes estudos oferecem elementos preciosos para os historiadores, arqueólogos e geógrafos que fazem estudos de investigação sobre a história local e o território nacional. Por outro lado, satisfazem a curiosidade da população local e dos seus visitantes, dando resposta a questões que os moradores colocam, nomeadamente, o porquê do nome da rua, travessa ou beco, da praça, largo ou avenida onde residem. Num momento histórico, como o nosso, em que os testemunhos materiais e imateriais se apagam a um velocidade assustadora e sobretudo em áreas de grande expansão urbana, onde tudo se uniformiza, descaracterizando o local, urge preservar todos os testemunhos históricos, incluindo os topónimos, para garantir a identidade do lugar.