Igreja de Santa Maria do Olival

28-08-2013 10:24

A Igreja de Santa Maria dos Olivais, também referida como Igreja de Santa Maria do Olival, localiza-se na margem esquerda do rio Nabão, na cidade de Tomar, distrito de Santarém, em Portugal.

Erguida no século XII, foi a sede da Ordem dos Templários no país, tendo servido como panteão dos mestres da Ordem. Diante da extinção da Ordem, esta igreja tornou-se a cabeça da Ordem de Cristo, tornando-se na matriz de todas as igrejas do Império Português, com honras de Sé Catedral. Classificada como Monumento Nacional desde 1910, é um dos exemplares mais emblemáticos da arte gótica em Portugal, tendo servido de modelo às igrejas de três naves construídas até ao período manuelino.
O primitivo templo foi fundado por volta de 1160 por D. Gualdim Pais, mestre da Ordem, no local onde anteriormente se erguia um mosteiro da Ordem beneditina, mandado edificar no século VII por São Frutuoso, Arcebispo de Braga. Esta zona integrava a antiga cidade romana de Sellium, fato confirmado por escavações levadas a cabo nas imediações desta igreja, e que puseram a descoberto alicerces e estruturas dos antigos edifícios e arruamentos. Não muito distante dali, foi encontrado o antigo fórum da cidade. A igreja e a sua envolvente serviram como necrópole dos freires da Ordem, tendo o próprio Gualdim Pais sido sepultado no interior do templo, em túmulo datado de 1195, do qual apenas resta a inscrição funerária.

Na segunda metade do século XIII, durante o reinado de Afonso III de Portugal, a primitiva igreja sofre uma ampla reforma, dando lugar ao edifício gótico atual. Da feição românica inicial, apenas resta a porta de arco de volta perfeita da fachada norte. O novo templo tornou-se uma referência para a arquitectura gótica mendicante portuguesa, tendo servido como protótipo a várias igrejas paroquiais, monacais e catedralícias de norte a sul do país. Após a extinção da Ordem (1314), a igreja tornou-se a sede da recém-instituída Ordem de Cristo, mantendo a sua função funerária.

A grande importância da igreja na época medieval é comprovada pela existência de uma bula papal, passada ainda durante o período templário, que colocou este templo na dependência direta do Papa e da Santa Sé, fora da alçada de qualquer diocese.

Mais tarde, através de duas bulas, uma do Papa Nicolau V (1454) e outra do Papa Calisto III (1456), foi concedida ou dada obrigação à Ordem de Cristo de estabelecer o direito espiritual sobre todas as terras encontradas pelo Reino de Portugal, como territórios "nullius diocesis", tornando esta Sé matriz de todas as igrejas matrizes dos territórios encontrados na Ásia, na África e na América, sendo-lhe conferida a honra de Sé Catedral. A este fato não foi estranha a intensa participação da Ordem de Cristo nos Descobrimentos Portugueses.

No século XVI, durante os reinados de Manuel I de Portugal e de João III de Portugal, foram levadas a cabo obras de reparação e de alteração, que resultaram na construção da abóbada e da janela de verga golpeada da sacristia, da galeria corrida da fachada sul, do púlpito, das capelas maneiristas do lado sul e, do túmulo renascentista de D. Diogo Pinheiro, primeiro bispo do Funchal – executado em 1528 e atribuído a João de Ruão. Durante esta campanha de obras, dirigida por Frei António de Moniz e Silva, foram destruídos os túmulos e epigrafias dos mestres templários e da Ordem de Cristo, sendo poupados apenas quatro deles.

Já no século XVII, foi colocado o revestimento azulejar das capelas do lado sul, que viriam a ser destruídas no século XIX, durante a realização de obras de restauro. A campanha de obras levada a cabo na primeira metade do século XX, pretendeu recuperar a aparência gótica da igreja, sendo então reconstituídas a cantaria do altar-mor e a grande rosácea da fachada principal. A janela moderna que existia sobre o arco do cruzeiro foi substituída por uma rosácea, enquanto que a primitiva porta românica da fachada norte foi desentaipada. Ainda nesta intervenção, foram reconstruídos, nas capelas laterais, os altares de alvenaria com frontal de azulejo, que haviam sido apeados no século anterior.